A GARÇA SOBRE A PEDRA
Sobre a pedra, a garça
inutilmente espera um motivo
... um motivo, mais nada
e então enfuna as penas
abre as asas
e voa...
ah, a garça... a pedra...
e meus olhos mirando da sacada
a curva deste rio
Meus olhos são esta garça
eu sou esta pedra
que espera...
o rio...
que arrastando-se em meu entorno
leva-me um pouco por vez
todos os dias
Amanhã já não mais serei esta pedra...
e meus olhos já não terão mais para onde voar.
Amanhã, serei memória, talvez
ou os tantos grãos, pequenas pedras,
lançados na ampulheta.
(Blumenau, 07 de junho de 2003)
(Viegas Fernandes da Costa)
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