O PARADOXAL INVERNO DE DEL-REY

        Na paisagem barroca o frio é o timoneiro da nau que singra o Lenheiro...
        A temperatura, caroneira dessa nau, cede-se a baixíssimos graus e os sinos, que aqui são mágicos porque têm vozes, anunciam que as artes estão afloradas - porque é inverno em Del-Rey...
                Inverno Cultural...

        Um estranho paradoxo permeia a atmosfera sanjoanense: de um petrificante e gélido ar, emerge um clima acalorado pela verve de intrépidos artistas que afogueiam nossas almas pelas ruelas e largos...
                        Casarios e bares...
                                                        Em suas esquinas vertentes... em artes.

        Eu me extasio com as dicotomias que se me apresentam:

        Na Biquinha - através da varanda do Tia Maria II - meu olhar vai serpenteando as luzes que evidenciam a Ponte do Rosário com suas pedras singulares e seculares e então eu que já não mais moro por estas plagas, sinto o meu corpo em intenso arrepiar - não por causa do frio do inverno natural - mas porque é Inverno Real em Del-Rey...

(Vertente Mítica)