ÁFRICA
Ouço vozes soterradas que não dizem nada
Que calam terra e escombros
Súbito morrem na África das cores escuras
O tempo em séculos sobre os ombros
Vão em vão os pobres carregados da ilusão da fome
Vozes soterradas que se consomem
Vida que mingua nas Savanas do Continente
Entre gemidos e o gargalhar de fuzis
E vão-se os seres em contingente
Em insanas guerras civis
Vozes soterradas perambulam em cáfilas caladas
Como animais traçando destino infeliz
Saara, seara dos ventos
Do pó da pedra que voa
Saara, terás para sempre
O uivo dos ventos que nas almas ecoa
O animal que ruge no estômago da criança que morre
E um mundo vizinho sorrindo não te socorre
O sangue que te escorre e a terra sedenta bebe
África, do Apartheid da pele
Ao vírus que insone
Teu ventre gerou
Recolhe tua mão pedinte estendida
Acena o adeus a vida
Porque o mundo vizinho
Sorrindo te abandonou
(Varley Farias)
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