Sob a luz de mercúrio,
teus fios de prata reluziram.
E nada ofuscava mais,
nem os piscantes letreiros eróticos,
nem os faróis dos carros indiferentes.
Sozinha na rua tumultuada,
tua figura reinava.
Não havia o cartaz da peça,
a bilheteria confusa, o pipoqueiro,
nem as senhoras com pérolas
e sedas nas saias.
Não havia o anúncio de cigarro,
os semáforos e as luzes,
nem os táxis, os táxis, os táxis...
só mesmo uma mescla de estímulos
formando um fundo perfeito,
emaranhado de cores e fumaça
sobre o qual te destacavas:
rendas de concreto, gigantescas
toalhas de asfalto negro,
espirais de letras, neons e back-lights,
e tua prata num pedestal de pele,
cintilantemente solitária.
(Vany)
|