A Garganta da Serpente
  • aumentar a fonte
  • diminuir a fonte
  • versão para impressão
  • recomende esta página

SAUDADE

Até o fim do ano
tudo ficou cinza:
a cidade, o calendário.
Quebrou o piano,
e o violino
foi para dentro do armário.

O cheiro bom ficou azedo
dentro do forno:
o bolo queimou.
A criança ficou com medo
do palhaço,
que de tristeza nem se pintou.

Não dá mais pra ver as margaridas:
cercaram o jardim
com um grande e indevassável muro.
E as borboletas, distraídas,
foram todas embora.
Para elas, ficou escuro.

E cedo anda escurecendo de verdade,
mal o sol se põe
e já é noite alta.
As luzes das ruas da cidade
não clareiam:
é outra a luz que faz falta.

Mas para você, nada aconteceu...
Você foi e acha
Que volta e será tudo igual!

Não, meu amor, anoiteceu...
O mar não é o mesmo
Sem a espuma que lhe dá o sal.

É a sua, a da sua alegria
a luminosidade
que como cega vou buscando.
É por você (eu já sabia)
que a minha saudade
anda como louca esperando.


(Vany)


voltar última atualização: 11/12/2007
11962 visitas desde 01/07/2005
Copyright © 1999-2020 - A Garganta da Serpente