Desesperança
Está nos dias escuros de desilusão,
Quando o estímulo carece de afago,
Em momentos que não enxergamos
A luz com propriedade,
Ou o sol não se põe alegremente,
Encontra-se à beira das estradas,
Estampada na face do próximo que tem fome,
Quando crianças desconhecem sonhos e fantasias,
E na mãe que dolorosamente não antevê o futuro.
Nos casebres onde frutificam a dor da miséria,
Em vítimas que se inclinam para a revolta
E procuram na violência uma cura inútil e bárbara,
Semeando desespero maior e mais inevitável.
Está nos corações delicados e sofredores,
Sem forças para erguer-se em reação,
Nos caminhos de submundo ilusório
Que levam a crença na descrença.
Nas fatalidades irreversíveis,
Nas torturas de sentimentos,
Em doenças físicas e morais destrutivas,
No impiedoso egoísmo que arrasa
Com um sorriso envolvente.
(Vânia Moreira Diniz)
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