Almas-vale
Algo denso recria-se em mim.
Queria eu poder encontrar
os mundos que espero existirem.
Mas meu desejo é um mar de redemoinhos dispersos.
Queria eu ouvir as guitarras da alegria eterna.
E os cantos nobres das águias libertadoras.
Pois nas ruas encontro dores e passividade.
Olho para um homem na esquina tão cheio de certezas.
A vida é grande e nos reserva poços profundos,
onde as certezas sempre se afogam.
Queria eu a coragem de afogá-las eu mesma.
Mas o tempo não espera.
E a realidade se impõe como filha da realeza.
Diz: vá lá! Há uma boa oportunidade!
E o homem da esquina vai
sem saber que pode não ir.
Tristes são as almas-vale sem montanhas.
(Vanessa Rocha)
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