MÃOS ASSASSINAS
As mãos, benditas mãos
Que tudo podem realizar
Desde trazer novo ser à vida
Até acenar o derradeiro adeus
Àquele que parte para o outro mundo
Mas incautos tomais cuidado,
Andais fazendo mau uso de tuas mãos
Veja tem-nas manchadas de sangue e de venenos
Que viveis a derramar e entornar!
Mas doravante tuas mãos pouco poderão realizar
Não estás sentindo os dedos entorpecidos?
Em alguns a extrema vermelhidão,
Em outros o embranquecimento?
Alguns já estão roxos, vejais!
Tuas mãos estão inchando,
Uma pequena dor reumática começa a se infiltrar em tuas artérias.
Os venenos que inadvertidamente manipulastes
Para serem servidos aos inocentes
Estão agora corroendo tua pele, carne, ossos,
Nervos, cartilagens e vasos sanguíneos.
A artrite inicia o processo de degeneração dos teus dedos,
Que outrora inquisidores, sempre rigidamente apontados
Para alguma vitima injustiçada
Agora eles torcem e retorcem encurvando-se para as palmas das mãos
Difícil agora realizar o mais simples movimento em tuas mãos,
não é?
Quanto mais será para assinar sentenças escabrosas e escandalosas
Que tantas vezes foram assinadas
Condenando vidas de pessoas brilhantes e justas
A serem lançadas aos calabouços escuros e lamacentos,
Pelas injúrias acometidas aos pobres injustiçados,
Vitimados pelas mentiras que indicastes
Deformando vidas, do mesmo modo como agora tuas mãos são deformadas
Elas agora te cobram dos atos pérfidos e ímpios
Aos quais foram obrigadas a cometerem contra outros.
O abençoado uso das mãos, dádiva do misericordioso Deus
Não fora observado por pessoas como tu
E agora elas te castigam dolorosamente
Como se estivessem encolhendo-se
Vagarosamente voltando-se para dentro
E desaparecendo vergonhosamente
Na carne ultrajante que tanto mau uso fizestes de tuas mãos assassinas.
(13/07/01)
(Valdyr Fuîn)
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