JUSTIÇA DOS PÉS FERIDOS
Por mais rígido e alto o solado de seus calçados
Seus pés parecem estar pisando sempre em espinhos
E como doem!
Doem hoje o que não doeram no seu passado
Quando tantas vezes batestes estes pés firmemente no chão
Sob o comando de uma ordem desatinada
Aos seus justos colaboradores,
Quando os fincastes na terra
Negando-se a seguir em auxilio
De quem clamava por ele.
De quando os usastes em pensamento
Para enxotar acreditando, sem razão,
Aqueles que para ti eram desagradáveis.
Como te martirizam estes pés agora!
As farpas, os espinhos, as pedras e as navalhas
Que atirastes contra os inocentes
Espalham-se hoje por seus caminhos
E cobram de ti as passagens que renegastes aos necessitados.
Os cacos de vidros, em que transformaram
As vidas que destruístes
Cravam-se fundo nas carnes dos teus pés
De nada adianta revesti-los
A dor moral do mal que disseminou
Cobra-lhe a responsabilidade
Até que seus pés gangrenem
E tenham que ser amputados
Impedindo-te de em outras vezes
Encaminharem-se a própria e alheia destruição.
(13/07/01)
(Valdyr Fuîn)
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