Soneto da Inauguração
(Primeiro Movimento)
E elevara-se para a minha vida
A visão tão latente e distorcida,
Enquanto estás a recitar meus versos
- versos meus, versos teus, versos eternos.
Neste espelho que me vejo vencida,
Vejo as mãos de poetisa torcidas.
E do meu corpo ainda avisto reflexos
Dos panos pretos, me visto em teus verbos.
Face, esmera máscara da loucura.
Olhos, de preto, fosco, maquiados.
Enfeito-me de onipotência em favos.
Não lembro de ouvir meus versos, teus versos,
A dizer, em suspiros d'amargura:
"Teu encanto vem da minha doçura."
(Tainã Nalon)
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