A Garganta da Serpente

Soares Feitosa

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que digo entre as flores?

"Meus olhos se consomem pela tua promessa"
(Salmo 119, 82)

O resto foi travo e mel
que não se disse mais nada —
em um
ali:
rubro o tempo, as faces.

                  — Seu Francisco — indagou, aflito,
                  mestre Antônio (vaqueiro): —

                  o senhor mandou matar todos os novilhos,
                  foi assim mesmo que entendi,
                  e botar a melhor veste nos caminhos?

                  — Como ficará então esta fazenda?
                  Sem os bois que morrerem,
                  o que digo entre as flores?

Diga nada não, mestre Antônio,
os novilhos ressurgirão da terra,
nos passos largos das minhas sandálias.
E os caminhos ficarão de perfume,
diga nada não, mestre Antônio,
que ela estava morta,
as flores sabem, outra vez,
agora vive.

(Salvador, mormaço da tarde, 13.03.96)


(Soares Feitosa)


voltar última atualização: 02/09/2010
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