A Garganta da Serpente

Sílvia Câmara

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Um poema-siará

Um dia nasci siará
Eram tantos sonhos de ave
Que atrapalhavam a manhã.

Seria um vôo-alvorada
Noite toda fazendo serão
Nas palhas-casa da bananeira.

Quando cresci siará
Cavalgava o mato alto
Catando cajus e jatobás.

Herança rezadeira
Doces de narupemba
Goiabas de minha avó.

Cacimba vazando no inverno
Carreira de camaleão
Pulando de galho-em-galho.

Ramagem que voa ao vento
Um dia parti siará
Reluzindo na garganta um grito.

Bússola voltada ao norte
Raiz em duna plantada
Aportando em outra duna.

Do cantar forte da jandaia
Às brancas areias de águas escuras
Um dia morri siará.


(Sílvia Câmara)


voltar última atualização: 03/07/2007
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