A Garganta da Serpente

Silvana Bronze

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Piton

Numa mistura de silabas vulgares
Vou contar-te minhas aflições.
Vivo perdida nas noites e lugares,
Longe de quaisquer conciliações.

Trabalho num ambiente abafado,
Com cheiro de cigarros velhos.
Vendo meu corpo mal tratado
Aos que a mim parecem apenas ecos.

O corpo sofre no paraíso,
A mente regozija no inferno.
Imagino-me ardendo e caindo
No meio de um sofrimento eterno.

Nas malícias da vida fui fundo,
Vendida para o que não sabia.
Impedia de sair deste mundo,
Que nem Dante compreenderia.

Se pudesse pedir-te um desejo,
Pediria uma vida vazia.
Quisera cuspir meu veneno,
Escarrar sobre a terra vadia.

Hoje sofro sozinha e calada.
Dia-dia o nojo me inunda.
Sobre os bancos da vida sentada
Submersa na vida imunda.

(Silvana Bronze)


voltar última atualização: 10/07/2009
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