A Garganta da Serpente

Silvana Bronze

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Filósofo de pedra

Deixo o tolo do momento
Que utiliza como escudo
O mais torto sentimento
Disfarçando seu murmúrio.
Quando pego põe-se mudo.

Deixo a gente tão vulgar,
Que me cobre de pesar,
Caminhando sobre o mundo.
Deus me livre deste mar
Que não quero estar no fundo.

Deixo o sábio adormecido
Mergulhado na vaidade,
Triste busca de Narciso
Que não muda com a idade
Nem diante d'um abismo.

Deixo a bela esmaecida
Que cultua e apetece
Sua carcaça emagrecida.
E entre os tolos oferece
Sua beleza apodrecida.

Disso sempre vale à pena
Discordar sem medo ter:
Que a fortuna é moça má
E não coroa quem com ela
Toda noite vem dançar.

(Silvana Bronze)


voltar última atualização: 10/07/2009
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