A Garganta da Serpente

Silvana Bronze

  • aumentar a fonte
  • diminuir a fonte
  • versão para impressão
  • recomende esta página

Declaro paráguas

Hoje declaro minha morte.
Morro sem dó nem rancor,
Morro de morte pensada
E de uma conversa marcada
Na falta da prova indolor.

Morro da verdade inventada
E por mim tantas vezes querida;
De uma idéia de juízo tolhida,
Sem pé, nem cabeça, nem nada;
De uma idéia que me enganava.

Não sei se mais mata o engano,
Ou a tolice que antes me consumia.
Se a questão que agora me arrasa
É a certeza da palavra vazia,
Neste momento me quero sensata.

Não procuro mais exatidão.
Quero franqueza comigo mesma;
Sobre o desejo que castiga e mata,
Que diante da morte não cala
Mas no meu pensamento se acaba.

Sei que morrem as idéias
E vão morrendo com os dias
E com elas outros valores;
Valores que outrora queria;
Queria porque calavam amores.

(Silvana Bronze)


voltar última atualização: 10/07/2009
7488 visitas desde 06/11/2008

Poemas desta autora:

Copyright © 1999-2020 - A Garganta da Serpente