A Identidade da Dor
(Poema Para o Centenário da Imigração Japonesa)
Hiroshima ainda está lá
Como um espelho
Uma bomba não mata uma cidade
Uma identidade-povo
Uma idéia-espaço
Nagazaki ainda está lá
E reflete Hiroshima
Não pela radiação mas
Pelo que ambas foram e serão
Restos de Hiroshima
Ainda são Hiroshima
Como escombros de Nagazaki
Têm uma identidade silencial
Ninguém mata Hiroshima ou Nagazaki
Ninguém mata a vida
Ou uma identidade histórica e espacial de vida
A bomba não mata a dor
Do que restou da guerra
E essa dor que doerá infinitalmente
Será Hiroshima
Será Nagazaki
Porque a paz confere a dor
Perpetrada na lágrima
Como um desenho arquitetural na saudade
Que a luz lê em sangue
Nas flores de cerejeiras
Como haicais, no átomo
(Silas Corrêa Leite)
|