Poema do Cego Pulando Amarelinha
(Para Alberto Frederico Correa Santos)
O cego pulando amarelinha
Toma o anjo pela mão
Você só vê o gesto táctil do cego, não
Vê jamais o anjo na sua condução
Em cada estágio de saltar sem pisar na linha.
O cego pulando amarelinha
Parece flutuar num balé
E sonda-o a rua de Itararé inteirinha
Perguntando o que nele enseja tanta fé
Céu e inferno; o cego parece que advinha
O cego e a sua amarelinha
Parece um milagre até
Toma-o pela mão o anjo; o cego se aninha
E pula e salta e vence e acerta o pé
Talvez porque céu ou inferno só dentro da gente é.
(Silas Corrêa Leite)
|