La Vie En Rose
Leminski morreu de poesia
Ou de cirrose; se vivo fosse
Naturalmente um outro seria
Talvez
vencedor de posse
Caetano que fugiu pra Londres
Não morreu e se socorre
A escrever bugigangas hoje
Como
se nunca existisse
Hendrix, Joplin; até Cazuza
Se não morresse o que ser ia?
Lupíscinio não se fez num dia
Só
no infinital da boemia
Renato Russo, Torquato, Capinan
Um parafuso a mais tantas vezes
(Ou o anonimato de uma neura vã
Em celeiros
de burgueses?)
A vida é cor-de-rosa na juventude
Depois o decrépito vive amiúde
E na velhice a arte louca vegeta
Artista,
vanguardista, poeta
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Morrer criando toda glosa
Em verso e samba e prosa
Foi o clímax de Noel Rosa
Idolatrado
Morrer de velhice por aí
É muito triste ao condena do
Feito Caimy ou Cauby
Cada um de si mesmo em si
Beirando ser esclerosado.
Melhor morrer no auge a criar, de overdose
Jovem portentoso - no suicídio ou na cirrose
Ou restar-se à decadência vil, pobre coitado
E à existência reles e comum ser condenado
(Silas Corrêa Leite)
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