A Garganta da Serpente

Sérgio Luís do Carmo

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A Parede Caiada

I

O caminho para Damasco
Dura-me uma vida.
E eis que as escamas
Cobrem-me novamente os olhos;

II

Se ora olho adiante,
Novamente a névoa esgazeada,
Profundíssima, sem fundo,
Alva parede caiada.

Mas, se não lhe vejo além,
Sei que além dela não há nada.
Só uma parede caiada.

Cortina densa de fumaça
Eis-me deste lado,
E d'outro lado não há nada.

maciça, absoluta, gelada.
Desperto num susto,
Piso em falso,
Sumira-me a escada.

Tateio solto pelo espaço
E o vazio me estacara.
Se deste lado tenho pouco,
Do outro, uma parede caiada.

(18 de Janeiro de 2006)


(Sérgio Luís do Carmo)


voltar última atualização: 13/02/2007
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