Além de mim
Não viverei até o último dos dias.
Mas aquilo que faço o poderia.
Desposei a solidão em meus dias
Permeando a inexistência
Desde o meu primeiro lampejo de consciência
Até o instante que acaba de passar por mim;
Mas o que fluiu já de meu mais profundo âmago
Me transcende, continua a existir além de mim,
Reverberará no momento oportuno
Pelas secretas câmaras alheias.
Abraço a morte de meu presente
Para entregar-me à atemporalidade
Do que atravessa os séculos
Com a natureza incontível do imaterial.
Ainda que as grandes multidões me não ouçam,
Partículas do que sou continuarão
Nas vidas anônimas que visitei.
(10 de fevereiro de 2006)
(Sérgio Luís do Carmo)
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