CLAUSTROCARDIA
Alheio à minha vontade é que assim estás,
Tão irreversivelmente à escuridão recluso
Emurchecido e gangrenado pelo desuso
Segregado, aborrecido
Macerado, esmaecido
Pelo que não esquecerás.
E já que estás tão afastado do sorriso,
Sei que sorrir então não é preciso,
Que então é minh'alma quem não ri mais.
Quando é que mergulhaste no infinito,
Qual o instante em que te deste por perdido,
Confundiu-se no passado diluído,
Aborrecido, segregado
Esmaecido, macerado
Pois o tempo só nada deixa escrito.
Velas por mim, e eu velo por ti;
Guardas a memória da felicidade que não vi,
Partilho só contigo desse pesar inaudito.
(15 de março de 2005)
(Sérgio Luís do Carmo)
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