A Garganta da Serpente

Sérgio Luís do Carmo

  • aumentar a fonte
  • diminuir a fonte
  • versão para impressão
  • recomende esta página

CLAUSTROCARDIA

Alheio à minha vontade é que assim estás,
Tão irreversivelmente à escuridão recluso
Emurchecido e gangrenado pelo desuso
Segregado, aborrecido
Macerado, esmaecido
Pelo que não esquecerás.

E já que estás tão afastado do sorriso,
Sei que sorrir então não é preciso,
Que então é minh'alma quem não ri mais.

Quando é que mergulhaste no infinito,
Qual o instante em que te deste por perdido,
Confundiu-se no passado diluído,
Aborrecido, segregado
Esmaecido, macerado
Pois o tempo só nada deixa escrito.

Velas por mim, e eu velo por ti;
Guardas a memória da felicidade que não vi,
Partilho só contigo desse pesar inaudito.

(15 de março de 2005)


(Sérgio Luís do Carmo)


voltar última atualização: 13/02/2007
11861 visitas desde 01/07/2005
Copyright © 1999-2020 - A Garganta da Serpente