CRÔNICA SOBRE O DESERTO DIÁRIO
Eclodem
- em cada esquina de periferia
E ao anoitecer do dia -
Toques de recolher
Que põem hiatos
No cotidiano querer
De almas humildes: renitentes ermidas!
Na plenitude do sol a pino,
Cilindros de fogo
Que esgarçam o horizonte
- ao serem deflagrados -
Operam uma metamorfose:
Transformam os arco-íris de vida
Em miríades da execrável necrópole!
Orgias de alucinógenos cooptam,
Com o seu orvalho,
Sentinelas e abocanham,
Usando suas peçonhentas mandíbulas,
Numerosas presas:
As engrenagens da violência
Cobrem de ouro e fragrâncias de opulência
A realeza da mais valia facínora, horrenda vivenda!
(Sé de Oliveira)
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