ENSAIO DE OUTRA DOR (dias tristes...)
Eu não sei que dias são esses
de dor absoluta
de
breu.
Eu não sei que dias são esses
que o choro
entala
na garganta;
Que o céu dos meus
pensamentos
anuviados
escurece.
Eu não sei que dias são esses
de morte, prematura morte
que
voa acima da terra
para
derramar minhas lágrimas
sortidas
pelo ar da
melancolia.
Eu não sei que dias são esses
que essa tristeza infinita
se
instaura em mim
como praga rogada
como cão raivoso
como ódio mortal
Eu não sei que dias são esses
sem causa e por que
meu
corpo padece na infimidade
do
ser dilacerado
pela
cólera da saudade.
Saudade de coisas futuras
de
coisas não vividas
não
sentidas
Saudade do que eu ainda não vi
Saudade do eu que nem
sei quem sou
Saudade
do feto ainda não gerado
no
útero da mãe libertina.
Saudade de que mesmo
se
nem me lembro do papo
de ontem?
Saudade do pai que ainda não regressou
do
presente.
Saudade da pátria ainda extinta
nas
margens do poeta.
Saudade do tudo e do nada
da
mão e dos dentes
da
unha afiada
na
carne nua
das
costas largas.
Saudade, saudade...
saudade.
Eu realmente não sei que dias são esses
que morro sem morrer...
choro
sem chorar...
amo
sem amar...
e
sofro a pena verdadeira
do
que eu nem que
Sinto...
Mas,
sinto
Sinto
Saudade
(Sara Vilela)
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