A Garganta da Serpente

Santiago Santos

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24 HORAS

Acordar vermelho pelo anúncio do SG Gigante reflectido na janela.
A rua principal estremece pelo calo
a fila na central de camionetas é imensa
igual a tantas outras.
         Pontas no chão são acesas
pelos miúdos da empregada da loja de donuts.

O mendigo sem pernas foi roubado,
tiraram-lhe a prancha de rolamentos.
As sirenes ao fundo
são o zunido vida do velho advogado perneta.

O bar local está cheio,
forasteiros escrevem postais tristes de amor
e desenham gordos camionistas
nos seus diários de viagem.

A última camioneta com destino ao interior parte.
Os putos vêem a revista porno deixada pelo marujo,
o mendigo arranca a tábua do banco
e faz uma nova prancha.
O sol fica encarnado
o bar acende as luzes
a pensão enche-se de sons de prazer comprado


(Santiago Santos)


voltar última atualização: 16/04/2007
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