A Garganta da Serpente

Rudinei Borges

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O poeta

Parece estar
mais próximo do outro mundo. Está.
Quando dorme a profundeza do sono
o poeta rompe a porta das coisas
e vai às ilhas que ninguém conhece.

Vê na flor não o que a flor não é.
Vê na flor o singelo encanto
e furta das pétalas a luz do dia.

A lamparina acesa atravessa a madrugada.
Junta o alfarrábio e o tinteiro à escrivaninha.
Tece metáforas em silêncio
como se contasse segredos a ninguém.

Consigo já não pode. Nem com os demais.

Chora aqueles que perderam a amada.

Sente na mão a dor das chagas,

porque nele todas as dores se encontram.


Nasce a poesia.

E o poeta devolve às pétalas

a luz do dia

tecida em palavras.


(Rudinei Borges)


voltar última atualização: 19/10/2009
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