A Garganta da Serpente

Rose Gusili

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AS ONDAS E A GELEIRA

Com minhas ondas incansáveis de mar
Em abraços apertados e beijos que não acabam
Vou infligir tuas impassíveis altas muralhas
Até derreter-te misturando tuas águas às minhas
Pois sem ti meu leito é raso.
Duro gelo és, porém ainda fluida natureza
E quente em teu compreensivo olhar
A querer se lembrar de um passado água...
E não pedra imutável em duras pré-idéias.
Possam sim se querer esses nossos diferentes mundos
Porque puro líquido é nossa gênese.
...
"Por que fica lá inerte essa geleira com tantas ondas a lhe provocar?
Possa ser porque é igualmente frio o mundo que a cerca...
Então como essas minhas ondas conseguiriam lhe derreter?...
Sendo só quentes de amor minhas águas de mar..."

...
Vejo que vês com ternura lá de teus altos penhascos
Minha espuma rica e sinceramente branca
A espocar versos de amor em tuas paredes sem fim...
Sei que ficas em conflito ante meu carinho e tua natural imponente firmeza,
Mas é só o teu medo de minha forma abraçar a tua...
Prepara-te ó geleira majestosa e linda, lindamente azul!
Pois vou devagar afogar tua formosa catedral em meu amoroso mar,
Derreter qualquer tua alta parede que nosso encontro afaste
E viver contigo o mais lindo caso de amor!
Será o teu doce a se misturar ao meu sal...
Um só oceano.


(Rose Gusili)


voltar última atualização: 27/09/2010
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