A Garganta da Serpente

Rosangela Aliberti

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Folhas no Outono

As palavras voam soltas
como folhas
flutuando entre espaços
entre os pontos e as vírgulas
a procura de quem as busque,
as encare... entre aspas
(des)pregadas dos ramos
da Árvore de cada vida.
Palavras sempre estão soltas
como folhas no outono...
rolando pelas ruas
sob a meia-luz,
com a frieza ou
em busca do calor
definhando, adubando...
veículo...
manancial de renascimentos
sem a visão do sol...
entre balões, nuvens,
sugestões,
a palavra às vezes se aborrece
gralha, ralha,
persuade, não convence
E as folhas de outono...
se tornam cada vez mais presentes
faço delas embrulhos
para o presente
do aqui e agora
o barulhinho do papel...
chia, sussurra, chia
está c h i a n d o
(- Que tipo de papel
temos perante a sociedade?)
Rasgado ou durável
como os plásticos de polietileno...
As asas das mariposas se debatem
na vidraça
semelhante o ruído
das folhas a beliscar o asfalto
Dias de outono
como se chamam esses sons...?
Palavras sempre estão soltas
como folhas no outono...
B e i j a n d o o ar
rapidamente ou bem devagar
borboleando...
s u a v e m e n t e!

(São Paulo, 22.V.04)


(Rosangela Aliberti)


voltar última atualização: 19/07/2007
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