PSICOGEOGRAFIA
Tem início a odisséia dadaísta
O primeiro passo é sempre o mais difícil
pois é como a luz que volta a brilhar após horas de escuridão
já o segundo passo completa um ciclo
fazendo com que o indivíduo abandone o ostracismo
e renasça
tornando-se guia de sua própria jornada.
Caminhando segue o indivíduo por ruas estranhas
de uma cidade surreal
onde os prédios são iguais
e não há números nas portas
na verdade não há portas
há somente janelas abertas
para que qualquer um possa entrar.
Nessa cidade
a massa proletária governa
os habitantes não são vistos há anos
as luzes dos postes nunca se apagam
pois não há quem pressione os interruptores
portanto
o indivíduo está só
rumando incansavelmente
descompassadamente
desnorteadamente
ao encontro do nada
passando por cemitérios abandonados
igrejas desmoronadas
lagos artificiais
onde é possível ver ao longe
históricas obras de arte boiando
levando consigo interrogações
que nunca serão respondidas:
Quem é dono do seu próprio pensamento?
O que há de novo para ser criado?
Quem sou eu?
O que é arte?
Após alguns metros
o individuo irrompe o ar
e o ambiente sente dramaticamente sua chegada
mas para ele
não há emoções em tudo isso
não há méritos
e muito menos desmerecimento
é apenas o fim de uma ação
o fim de uma M.R.U.V.
que culmina com o encontro insólito do indivíduo com ele mesmo.
Tem fim a odisséia surrealista.
(Rody Cáceres)
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