Sobre o fim da estética
( da série de poemas permanentes )
Tiros de pistola, tiros de fuzil
Fogos de artifício, Túneis fechados, caganeiras
pólvora com cheiro de dor, droga!
gente oprimida que não vai... que não volta
barulho de balas achadas, saraivadas
Uma cidade de crianças sem prefeito
aquela cidade de adultos sem governador
ex-capital dominada pelo poder "federal" organizado
maldição lançada , sobre o olhar do redentor
violência que paralisa , inibindo qualquer reação orgânica
coletiva
censura livre em salas de cinema , na tv, invasão !
asfalto e morro amordaçados, estamos a mercê dos mercados
essa é a lógica perversa, assim nasce esse poema cru, sem estética.
mera reação cultural destemperada,
na verdade, quanto mais bandidos sem rosto, melhor
Deixam carne e osso despolitizadas, sem ação.
(Rodolfo Caruso)
|