A Garganta da Serpente

Roberta Tostes Daniel

  • aumentar a fonte
  • diminuir a fonte
  • versão para impressão
  • recomende esta página

Ócio Indócil

Meu ócio não é criativo,
Mas revelador indócil
Das minhas reflexões.
Porque ele referve os fluidos das minhas ilhas,
Sumos de pretéritas vontades,
Que reestréiam como novas
Nesse peito de geleira e fogo,
Nessa alma de mil brotações,
Na recorrência dos ocasos,
No faz-de-conta das horas,
Que nem Deus ousa parar
Porque são sagradas as rotinas,
E sangrados os martírios.
Porque a natureza contêm toda a matéria-prima do recriar-se,
Da morte-vida do que revive em mim.
Do que revisito em meu nascedouro,
Contemplo em lembrança inédita
A manjedoura ou o berço esplêndido?
Ócio indócil,
Então posso ou não crer
Na colheita próxima
De minhas extravagantes
Epifanias?

Em tempo: A natureza é revivida em cicatriz,
Ou renovada em mancha de nascença?


(Roberta Tostes Daniel)


voltar última atualização: 19/02/2007
11059 visitas desde 01/07/2005
Copyright © 1999-2020 - A Garganta da Serpente