HINO AO HINO
Das nuvens recebemos chuva ácida,
já não somos mais o que éramos antes,
já não mais há o Sol com raios flúgidos,
nem mais há florestas exuberantes.
Banimos a igualdade,
nessa terra só sobrevive o mais forte.
Cultuamos a veleidade,
destruímos o país de Sul a Norte.
Que palhaçada dos pátria-amadas
Ave! Ave!
A fome e a miséria nos tornam lívidos,
o vigor e o pendor desaparecem.
Nosso corpo desidratado é límpido,
que até nossos ossos resplandecem.
Governos e Ministérios fajutos
nos vivem a pôr cordas no pescoço,
e só temos da vida a incerteza.
Que macacada!
Muito quadril
e seios mil para a moçada.
A necessidade nos faz servil.
Negociada por mil!
Dividiram o teu berço esplêndido,
em lotes para o resto do mundo,
mudamos tudo em casa lotérica,
e estabelecemos um caos fecundo.
Tua terra dividida,
os teus campos esgotados e com bolores.
Tua água apodrecida,
de onde exalam forte e fétidos odores.
Retaliada, vilipendiada,
Ave! Ave!
Lugar onde o "anão" tornou-se um símbolo
um objetivo a ser alcançado,
sugamos todos pela mesma cânula
a podridão que nos torna execrados.
Submissos ao hemisfério Norte,
criamos soberania fajuta,
perdemos a nobreza e o porte.
Com data errada.
Um de abril - desmando mil, que patuscada!
E do teu solo
só brota o que vil.
Espoliada por zil!
(Géber Romano Accioly)
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