HILDA
Na sala, o poema se
desfaz em meneios de
finas texturas
Refaz-se na música
que ondula nas saias
E dissipa-se em névoas
de rosálidos olores.
No quarto, assume
a febril intermitência do coito
A voraz ferocidade do açoite
O festim estrondoso do arroto
O langor obtuso da noite.
O poema se deita.
O poema se adormece.
E o fraco poeta
habita, nu,
um corredor de mágoas.
Incapaz de, como
Hilda, ser
verbo em sangue
e volúpia
(Renan Barbosa)
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