A Garganta da Serpente

Renan Barbosa

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A LUZ DO DIA NÃO É CONSOLO II

[ O catre ]
de tão solitário
se transformou
em jazigo.
Perdeu-se de
toda verdade
que um dia
- julgava-
seus olhos haviam
encerrado
Cravou as unhas
no reboco inconsistente
da própria mudez
E com o sangue
e a cal moldou
o formato das lágrimas.
Nunca mais chorou.
Fez-se um com
aquelas paredes.
E tapou com
saliva e sêmen
a fresta por
onde o sol
Ainda teimava
em se anunciar.


(Renan Barbosa)


voltar última atualização: 25/03/2004
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