Um madrigal
O amor deixa-nos febris
não há nascente ou poente
um sono agitado feito gente
um corpo celeste num suspiro retido
o roçagar da recordação
um escoar de vida a narrar o sucedido
a carne viva de memória
um corpo vivendo entre mundos
a alma recorda incessante a mesma história
laminado pelas linhas da tua tez
desenhar de memória
até que o destino te leve para longe de vez
deste amor de Verão assim despojado
será isto viver
figurante num longinquo bailado
num fulgor a ditosa consternação
o desamparo
arrastado em turbilhão
perpetuado maquinalmente
em páginas e páginas
quem sofre assim ,não ilude ,não mente
um gesto ma recorde
uma arma me acorde
um efeito contra - indicado me leve
e tudo termina .
Mas nunca, nunca, deixarás de ser ...
a minha menina.
(Renaldo Ventura)
|