A Garganta da Serpente

Rejane Guimarães Amarante

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B O L O D E F U B Á

Era sábado de frio e chuva
Eu quis fazer um bolo de fubá
Vi a receita, faltava o fermento
Saí debaixo do temporal,
Não achei a calçada
Era água por toda a parte
Fui andando no meio da enchente
"se precisar, vou nadar,
Mas compro o que falta"

Enquanto o bolo assava, faltou gás
Ficou cru por dentro
Fui fazer outro, mas o leite acabou
Era tarde, tive medo de sair
Respirei fundo, " e vamos lá"
" Que venham todas as balas assassinas
Tanto faz, se forem dos bandidos ou da polícia
Nada me deterá, vou fazer meu bolo de fubá
Que venham todos os carros sobre a calçada
Que venha castigo do céu
Eu até prefiro que me mandem para o inferno
Lá, vou pode assar meu bolo de fubá
E quando eles chegarem, vão-me ver comendo
E não vou dar um pedaço para ninguém
O diabo me deixa em paz, prefere outra farinha"

Depois desse delírio, entrei no supermercado
Comprei o que faltava, saindo antes de o teto desabar
Afinal, terminei o bolo e, cansada, dormi
De manhã, uma amiga apareceu em casa
Ainda bem que ela não veio ontem
" - Aceita uma fatia de bolo de fubá?"


(Rejane Guimarães Amarante)


voltar última atualização: 09/11/2009
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