A Garganta da Serpente

Radamés Manosso

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Habitat

No final da tarde,
sob o viaduto imenso,
considero a dimensão da realidade.
Pessoas, buzinas, concreto
escoam em chamas
pelo retrovisor.
A noite beija o asfalto.
Elétrica e nervosa a vida pulula
na dura geografia metropolitana.
Cansada, a cidade se veste para a noite.
A fauna das esquinas
exibe seus tesouros e nada pára.
Decididamente esta cidade
não cabe em mim.
Sou uma bolha de carne pulsante.
Volto do trabalho cansado
e as coisas não estão no lugar.
Trabalhei. O mundo ficou melhor?
Logo estarei em casa,
onde, me aguardam,
onde me guardo.
A senhora da noite segue rugindo
seu canto áspero e sedutor,
como fera, como mãe, como máquina.


(Radamés Manosso)


voltar última atualização: 09/03/2009
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