A Garganta da Serpente

Radamés Manosso

  • aumentar a fonte
  • diminuir a fonte
  • versão para impressão
  • recomende esta página

Floresta

A exuberante floresta das palavras.
Quem para sobreviver
nesta fecunda e inóspita diversidade?
Inútil facão, repelente, mosquete.
Entre de mãos vazias,
como num santuário.
Ouça, acaricie, respire.
Ali, uma que corta.
Mais adiante, a que queima.
Ao fundo, a que cura.
No paraíso da linguagem
vigoram poucas, duras,
leis imutáveis.
Lá só colhe quem respeita.
o frágil equilíbrio das coisas,
quem sabe a diferença sutil
entre o cogumelo bom e o fatal.
Palavras não tem complacência,
aguardam indiferentes, vazias ainda,
por quem as queira,
quem as saiba,
quem as ame.
Difíceis, não se expõem na clareira.
Caminhe até o fundo da mata,
encontre o útero escuro.
Lá se nutre, virginal e úmida,
tua palavra rara.


(Radamés Manosso)


voltar última atualização: 09/03/2009
12692 visitas desde 01/07/2005
Copyright © 1999-2020 - A Garganta da Serpente