A Garganta da Serpente

Quelyno Souza

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MEIA-PATACA

Não tenho coração de plástico
Nem cabeça de papel
Só hoje de manhã
Pude perceber melhor
Minha triste ideologia poética
Quando escarrei
Da janela do ônibus amarelo
Me senti um bicho
Pequeno e desastrado
Na procura de uma ração
Um abrigo...
Feito um parafuso sem refúgio
Cemitérios de poetas
Nunca de poesias
Como era gostoso
Minha poesia colegial
Como era gostosa minha namorada
Tudo passou, tudo passa!
De boca em boca
Meu corpo magro
Minha economia
Na beira do abismo
Quero que minha poesia dure
Enquanto durar os homens
Não sei o que é ousadia
Se minha poesia caísse
O petróleo também caia
Minha poesia na boca dos esquecidos
O petróleo em boa cotação
Zia ainda não usa "tampax"
Acha que incomoda
Prefere "modess" a moda antiga
Kezinha rasgou partes do meu Aurélio
Estou perdido juro por Deus


(Quelyno Souza)


voltar última atualização: 05/02/2008
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