A Garganta da Serpente

Luiz Carlos Lopes

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MUDANÇAS, COSTUMES & EVENTOS

A poeira que baixa pela gaveta vazia
Frascos e retalhos espalhados, vazios
Perda de lastros em pleno navegar
Perde sentido o que sentia então
Alvoroças pela liberdade incontida
Ávida, a noite espera com suas armadilhas
Lancetas apontam para o meu âmago
Página que se vira solitária
Vadia é a noite que me pega pela rua
Carcomidos os reflexos, cheiros estranhos
O barco parte ao meio no caminho
Minha visão não é cega pela neblina

A poeira está assentada de novo
Partes de textos repartem o dia
Enquanto sobras se revoltam em alhures
Já pensando que tudo é passado
Passante de um destino preparado
E naquele muro perto do Jardim
Repartes para corações distintos
Indistintos o íntimo que roda
Rodelas de gelo num copo vazio
A pequena alegria imediata
Pedra que se calça depressa
E com a pressa dos impacientes

A poeira que faz troça da gaveta
Alenta iluminuras tardias
Vesperais para madrugadas insones
A distância que toma um rumo constante
Variante de afagos, o esmero se perde
Perdida vai caminhando sem pensar
E chora pelo o nada que não acontece
Arrefece dilemas, esperas contidas
Cavalga entre os demônios
E sorri quando da orelha sente um puxão
Águas salobras em vestígios soturnos

Rasante de poeira, matinais
Sôfrega com tantas dores e partidas
Busca essa mão que te ouve tanto
Esconde o que sente com o medo
Medrando minha falácia dura incisiva
Pego pela veia o dilema premente
Trago para a realidade pela paixão
Mesmo que o coração mais se dilacere
Mas desta corda não deixarei solta
Revolta pelas águas furtivas
E de pés no chão, o simples viver
Revigoro o seu brilho no olhar.

Alguns pássaros quando saem da gaiola, se perdem para toda a vista!


(Luiz Carlos Lopes)


voltar última atualização: 01/04/2007
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