A Garganta da Serpente

Paulo Themudo Gomes

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Chamado à Razão

A chuva amacia os meus pés,
Descalços, em paz,
No caminho.
Grito ao mundo,
O meu mundo de mil cores
Onde andam sentidos
Misteriosos sonhos,
Que me eram queridos.
Tenho saudades de ti...
Lembro-me,
Quando a magia era desmedida
Na adolescência que vestia.
Eu era o teu rosto,
As tuas palavras, o teu coração,
A vida da tua vida.
Vida!...
Tenho saudades de ti...
Porque te ausentas e não voltas
Me deixas em calcorreado terreno
A beber o céu.
Vai-se, essa magia,
Urge como o tempo
Na minha melancolia,
Carente de vento, carente de sentimentos,
Ausente de ti...
Vida!...
Tenho saudades do que vivi...
Anseio por acordar com novo rosto
Porque o tempo que passou
Já é demasiado
E eu continuo sem mudar o meu caminho.
Folgaria em ouvir-te neste meu silêncio,
A chamar por mim, a dizer o meu nome,
A recordar-me, a encantar-me...
Vida!...
E estás tão perto... Tão perto de mim.
Exploro os momentos
Em que mergulhávamos na noite,
Onde tudo fazia sentido,
Onde trocávamos fluidos
No ondular que rasga o mar
Em abraço intenso,
A namorar o luar,
Na brisa suculenta das estrelas.
Essa magia... A eterna e incandescente magia.
Já não somos como éramos
E crescemos com o tempo
E lamentamos coisas que fizemos
Para nos trazer a este momento.
Recordamos o que tivemos...
Vida!...
Perdeu-se tanto...
Perdeu-se tanto de mim.
Tenho saudades de ti...
Vida!...
Trago a mim as lembranças
De quando me deitava nu
Sobre os telhados,
A fotografar as estrelas com os olhos,
A sonhar acordado, a sentir o momento
Em que por mim chamarias.
Vida!...
Mas vou vivendo
A ritmo silencioso e calmo,
A guardar a tua ausência
No meu mundo maravilhoso de sentimentos,
Onde para sempre permanecemos.
Vida!...


(Paulo Themudo Gomes)


voltar última atualização: 17/01/2005
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