A Garganta da Serpente

Oliver Quinto

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Gêmeos

(para Eliana Staub)

És, a um tempo, colérica e serena.
Lembras um espelho a outro defronte.
Ímpia no olhar, serpente e Laocoonte,
Afável no que diz, oposta e plena.

Não sei se te adivinho ou se se engrena
Aqui, de pensamento vário, um monte.
Mais do que o boato, prima-se a fonte,
O impasse vem de ti, cura e gangrena.

Não sei quem és!, e mesmo assim te amo.
Tenho fome de me nutrir de ti:
Engulo-te semente, seiva e ramo.

Instável horizonte tu me ofertas:
Régia fleuma, distante frenesi,
O ardor que vem das coisas mais incertas!


(Oliver Quinto)


voltar última atualização: 13/02/2005
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