A Garganta da Serpente

Olga Martins

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NAVEGAR é preciso ... viver ?

Quantas vezes terei eu que traçar mapas
para cruzar os oceanos e suas escarpas ?
Quantas ondas terei que amansar ?
Quantas nuvens mais terei que soprar ?

Quantas velas enfunadas serão necessárias
e quantas rotas ainda reformuladas
para que em segurança percorra minha nau
em sua incessante busca pela costa oriental ?

E as paragens ? Quantas ainda verei eu
antes de recostar-me em porto definitivo ?
Quanto sal dobrará minha língua em sangue vivo
antes de narrar como foi que sobreviveu ?

No Cabo da Boa Esperança já vejo adiante
de Adamastor o mitológico rochedo gigante
que Lusíadas assombrou diz-nos certo canto
de Vênus aguardo intervenção sem pranto .

Em medida de poucos pés e apenas capitão
segue a nau solitária, sonhadora e ofegante
no aguardo especifico de melhor instante
para ancorar firme e forte em seco chão


(Olga Martins)


voltar última atualização: 03/05/2007
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