Espreguiça-se o destino nas montanhas frias da China
Punhais aguçados nas mãos, rasga o nevoeiro e parte.
De outra parte pulsa o sangue do poeta cheio de palavras ditas e não-ditas.
São elas ainda que se amarram nas pernas do planeta.
Algumas escapam e amaciam o novo trajeto;palavras suaves e sempre verdadeiras
que vão se enovelando , fios que são.
As mais briguentas continuam ali, heróicas , valentes , guerreiras..
Nada sabem sobre o destino que avança a não ser que avança
sol após sol, lua após lua.
Esbravejam, trombeteiam seu inconformismo, clamam justiça.
Ao fundo, o eco lamurioso de verbos que pouco sabem além de lastimar...
O destino não emite qualquer ruído.Senta-se no Everest e descasca
um laranja com o punhal reluzente...
(Olga Martins)
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