A Garganta da Serpente

Octavio Roggiero Neto

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olhando para o nada

nossas tardes de solidão, dispersas
diluídas em insignificâncias
escoam pelo ralo do esquecimento
no meio da vida, vertiginosamente
escoam até nos esvaziar
e nos contemplar de paisagens ocas

ninguém pra desconfiar que eram estas
as impressões de um tempo inadiável...

alguma coisa me dizia para ousar,
erguer os olhos,
mas meus sapatos estavam por engraxar
e eu fiquei pensando pensando
eternamente pensando
até perder o fio da meada

talvez voasse um bando de pássaros
por sobre meu cenho sisudo
e quem sabe o crepúsculo se matizasse
como nunca antes visto
enquanto eu bocejava


(Octavio Roggiero Neto)


voltar última atualização: 26/12/2007
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