Meu Baião
Há coisa que neste mundo
Deixa dois queixo bestado
É poeta que é iletrado
Dando voz à poesia
Feito Shakesperiano!
Sol a pino todo ano
Na touceira,na enxada
No gibão,na valentia
O vaqueiro é cabra macho
Vixe!Inté vê cotovia...
Há coisa que neste mundo
É xaxado e violino
É rabeca com o divino
Zabumba com Virgulino
Que um dia teve fim
Na legenda do cangaço
Não disfarço este cansaço...
Meu torrão é duro ainda
Mas tem feira,gemedeira
Tem pamonha,cartucheira
Em noite de São João
E se a água é fonte rala
Vem de novo a poesia
Na fogueira,no lampião
Seu dotô meu bucho é rouco
O meu bolso é sem dinheiro
Mas eu vivo os meus janeiro
De braço com meu baião
Seu dotô o peito range
Esse calo sangra em mina
Mas cangaia não me domina
Pois sou cria do meu sertão.
(Nina Araújo)
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