NAU CATARINETA
Para José, meu avô,
In memoriam
O lápis rombudo, o pedaço de papel,
O banquinho onde me sentava ao teu lado.
E as letras irregulares que marcavam
Mais em mim, que no papel,
A história da Nau Perdida.
"Alvissaras, meu Capitão,
Meu Capitão General.
Já vejo terras d'Espanha
E praias de Portugal!"
Pois é...
A ponta do lápis quebrou.
O papel com os garranchos sumiu.
O banquinho, o tempo comeu.
Mas a Nau ficou cravada em mim,
Como um sonho.
Ah, Catarineta,
Quisera ser teu gajeiro
E também avistar
Terra firme!
(Nilton Maia)
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