A Garganta da Serpente

Nelson Fraga

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BARRACUDA

E quando...

Na palidez mórbida daquele vidro fitado na paisagem,
Sentados naqueles bancos eternamente pregados ao chão,
Nos demoramos a incitar uma palavra, esperando,
Que na brisa daquele silêncio, tudo surgisse.

Na mesa sóbria, pousas-te tuas mãos, tímidas
Mostrando a desilusão do mundo, a incompreensão,
Uma dificuldade cipreste de viver dia após dia,
Confrontando visões, mágoas e ilusões.

Mordendo o silêncio, deixei minha alma,
A qual tomaste com garras, apoderando-te.
Uma alma em tudo tua, em tudo minha,
Com todos os dilemas, com todos os sonhos.

Pelo caminho, testemunharam as árvores
Eternamente verticais, eternamente sombrias,
Que como duas linhas, duas almas são:
Eternamente paralelas!

Abracou-nos a noite na despedida,
Que no sabor amargo do teu beijo,
Me soube à eterna partida.

Agora sou o eterno solitário,
Daquela mesa vazia.


(Nelson Fraga)


voltar última atualização: 18/02/2003
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