A Garganta da Serpente

Morgana

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CAMA VAZIA

Amanheci com a alma ferida
Doendo fundo na cama vazia,
Com o dia latejando agonia,
Pela dor sem medida
Deste amor em despedida

As horas retidas no tempo
A marcar o momento,
Que te fizestes ausente,
Sem o brilho do sol poente
Na lassidão da tarde quente

Não me deixastes sequer a promessa
De não me esquecer tão depressa,
De conservar-me na retina do passado,
Não como um amor fracassado,apenas adiado,
Na agonia que alimenta sem covardia
A fantasia desse querer em demasia

Ilusão que alivia a dor latente
No peito de quem sente,
A falta deste amor demente,
Do qual jogastes a semente
Que impregnou minha mente

Enlouqueço a lembrar de outros dias
De noites salientes, a se confundir
Em madrugadas de prazer e açoite,
Em fantasias loucas de sabor e cor
No ardor das nossas bocas sedentas

Devaneio nesse penar,
Sem fim nem começo,
Neste berço de sons e beijos,
Quando a memória antecede a aurora
Na esperança de gesso
Desse amor sem apreço

Findo mais um dia sem esperança,
Adormeço com a lembrança
Que de repente tornou fútil
Esse amor inútil

(31/08/03)


(Morgana)


voltar última atualização: 12/01/2004
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