A Garganta da Serpente

Morgana

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PESADELO

Ofereço a face ao teu escárnio
Arrisco o sonho ao teu sarcasmo,
Rasgo minha alma e encaro teu pasmo,
Sob o cheiro azedo da dor sem pudor

Alguma coisa aconteceu
E dentro de mim remexeu, doeu,
Nas entranhas em que tantas vezes fostes meu,
Entre arroubos de paixão e amarga solidão,
Algo quebrou sem compaixão e sem perdão

Absurda como uma noite sem lua
De repente me senti nua e singela,
Liberta desta entrega que flagela,
Na espera insensata deste amor sem serenata,
Fechei a janela do meu peito e partir sem nada

Vazia e lívida segui sozinha pela vida
Sem sequer uma lágrima, um desejo, um anseio,
Fiz da dor um passeio e do amor um pesadelo
Do qual espero acordar sem medo e sem desejo

(13/11/03)


(Morgana)


voltar última atualização: 12/01/2004
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