A Garganta da Serpente

Maria J Fortuna

  • aumentar a fonte
  • diminuir a fonte
  • versão para impressão
  • recomende esta página

O Vestido

Este vestido frio e transparente
Deixa-me exposta aos quatro ventos
E me faz cavalgar meus desejos
Encima de um unicórnio alado

Soltas as estribeiras
Um violino amordaçado
Reprime o som de suas cordas
A velha esmaga o fumo no canto da boca
E a sereia canta contemplando-se no espelho
Lá longe a garotinha chora ausência da mãe

E eu completamente nua
Refletindo sobre a dor no meu seio solitário
Fabrico asas de penas para me cobrir
E debulho milho em perolas noturnas
Cantando uma cantiga de ninar

Uma voz rabugenta fala
Com jeito de criança envergonhada
- Sou mulher e não vi o tempo passar
Tão nua estou eu neste vestido!...


(Maria J Fortuna)


voltar última atualização: 02/02/2005
3825 visitas desde 01/07/2005

Poemas desta autora:

Copyright © 1999-2020 - A Garganta da Serpente